Primeiro o fechamento do Cine Pelotense, depois foi o Capitólio. Desde então, a cidade ficou apenas com o Cineart que conta com três salas pequenas. À partir de então comecei a me perguntar: Seria a falta de cultura do povo pelotense o motivo da falência destes espaços? Creio que não! Embora a maior parte do povo do município não tenha poder aquisitivo para ir ao cinema e outra parte, de fato, prefira assistir a um dvd no conforto do lar (talvez por não conhecerem um cinema de verdade), acredito sim que exista público para sustentar um único cine na cidade.
Mas um outro motivo afasta muitas vezes estas pessoas deste espaço: a péssima qualidade de nosso cinema. E o pior: hoje o preço cobrado para frequentar o local se igualou ao de estabelecimentos como o do Bourbon Contry em Porto Alegre.
O primeiro péssimo item, em minha opinião é o som, totalmente abafado e não são raras as vezes em que as caixas de áudio começam a fazer ruídos de interferência e estalar no meio do filme. A minha deficiência auditiva (não escuto no ouvido esquerdo) nunca me atrapalhou em cinemas de qualidade, como os da capital, mas aqui em Pelotas tenho que sempre fazer grande esforço para escutar, principalmente em filmes brasileiros onde não posso contar com a legenda como recurso.
Item 2: A tela
Já ouvi relatos de pessoas que foram ao cinema e tiveram de se dar por satisfeitas em assitir ao longa-metragem com um risco que dividia a tela. Comigo isso nunca aconteceu, mas a qualidade da imagem nas telonas pelotenses também não é lá estas coisas, isto para alguém que não exige muito. Mas mesmo apesar dos poréns deste quesito, ele fica abafado pela terrível qualidade do áudio que o supera infinitas vezes.
Item 3: O conforto, ou a falta dele
Não quero reclamar de boca cheia, mas o conforto das poltronas do único cinema restante da Princesa do Sul não existe. Mas isso até que passa diante da localização destas, o que é ainda mais "calamitoso". Sentar em uma poltrona de uma das primeiras fileiras pode ser o equivalente a adquirir um torcicolo. Um pouco mais e os telespectadores saberiam a sensação de assistir a um filme de dentro da telona. Que emoção, não?? Mas isso está ligado também à estrutura e tamanho das salas, apertadas.
Outros aspectos nem levarei em consideração, somente estes três já valem uma triste indignação. Pelotas possui cerca de 400 mil habitantes e apenas um cinema nestas péssimas condições. Porto Alegre possui cerca de três vezes mais e dezenas deles.
A comparação serve apenas para mostrar que não moramos tão no fim do mundo como ás vezes temos a impressão, e que, proporcionalmente, é ridícula a situação em que vivemos. Cidades menores possuem espaços com qualidade infinitamente superior.
Sei que se os outros espaços quebraram (Capitólio e Pelotense) foi por falta de público, mas também sei que se investissem e aprimorassem o único cinema restante em Pelotas, o número de frequentadores aumentaria. Apaixonados pela sétima arte não faltam! Se o nosso espaço para a sétima arte fosse esplêndido, pessoas de cidades vizinhas com certeza fariam questão de contemplá-lo toda vez que viessem à terra do doce, assim como eu, e inúmeras pessoas que eu conheço, fazem assim que chegam à capital.
Não acuso quem prefira investir em um home theather (nem que seja meia-boca), uma tela grande e desfrutar de um bom filme no conforto do sofá da sala. Pois nas condições da única opção que temos na cidade, a oferta é tentadora!